sexta-feira, 8 de dezembro de 2017


     Adeus, Carolina Maria de Jesus!

Considerei que minha última postagem deveria ser sobre o trabalho desenvolvido no decorrer do segundo semestre/2017 que foi o projeto sobre a escritora Carolina Maria de Jesus.
Esse trabalho foi introduzido na turma no inicio do semestre após conhecer a obra Quarto de despejo na interdisciplinar Étnica – Racial.
        No desenvolver do projeto Carolina Maria de Jesus, fui ampliando o conhecimento dos alunos referentes a essa escritora brasileira nascida em Minas Gerais mais erradicada em São Paulo e favelada da década de 50.
     Para registro dessa atividade fomos montando um painel com o material de pesquisa de sua vida e obra. Criamos o Canto das Palavras que foram despertando a curiosidade alusivo a seu significado. Além disso os alunos dançaram a música Lata D’água  na cabeça fazendo alusão ao processo vivenciado diariamente por Carolina em ir buscar na bica a água usada em casa.
         Durante a elaboração desse projeto os alunos sempre questionavam algumas das passagens lidas e quando trazia a realidade do livro para a atualidade, alguns ficaram impressionados a aparente igualdade de ambas realidades.
         Em relação ao comentário deixado no moodle, “Porém... deixo como sugestões para ter atenção ao mencionar alguém com tamanha contribuição literária em um dos seus objetivos colocam: "Conhecer a mulher Carolina Maria de Jesus por meio de uma pesquisa na...” Será que é conhecer a mulher? Ou escritora?”, refleti que realmente o trabalho estava evidenciando a mulher negra, favelada, mas que dentro da sua vida precária conseguiu visualizar uma maneira de registrar o seu cotidiano. Mesmo que algumas pessoas criticassem esses seus registros como sendo algo de controle em relação aos vizinhos.
         Contudo, avalio que esse trabalho proporcionou-me um grande prazer em poder dividir com meus alunos a descoberta de uma pessoa e escritora, por mínima que tenha sido com uma vida próxima a realidade de alguns e que teve possibilidade de mudar de vida, mas que por ser negra e mulher não teve o reconhecimento que merecia.

Fotos que registraram os diversos momentos do projeto:





Registro do texto individual sobre Carolina Maria de Jesus





              A importância da memória cultural do povo faz com que ocorra uma identidade. Quando há um esquecimento ou uma não valorização de algum tópico dessa cultura, ocorre uma consequência na identidade do grupo.  No decorrer desse projeto pude analisar que essa mulher e escritora não foi valorizada no seu tempo e lugar, país, mas que teve o seu valor como escritora, que retratava a realidade difícil da comunidade, fora do seu país.



Referência:
ARIAS, P. G. (2002). La cultura. Estrategias Conceptuales para comprender a identidad, la diversidad, la alteridad y la diferencia. Escuela de Antropologia Aplicada UPS-Quito. Ediciones Abya-yala. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/artes/a-importancia-das-raizes-culturais-para-identidade-.htm


quinta-feira, 30 de novembro de 2017




QUEM ENSINA APRENDE E QUEM APRENDE ENSINA









       “Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa.” (Paulo Freire – Pedagogia do Oprimido)

                O diálogo se propaga pela palavra e pela ação.  Por isso, a verdade tem que está em movimento nestes dois momentos de construção da educação, tanto do aluno quanto do professor. É isso que dá sentido ao mundo em que os homens vivem e se relacionam.
O diálogo entre educador-educando começa em seu planejamento  do conteúdo programático, quando questiona o que vai refletir com seus alunos. Mas esse conteúdo não pode estar dissociado do cotidiano dos alunos. Ele tem que ter uma relação com o que eles vivem no mundo atual. Tem que haver uma conexão real. 
Ensinar e aprender são uma constante busca, contudo Paulo Freire aconselha para que o homem não se torne um mero objeto de investigação, neste processo, e que não se perca a essência do ser humano.
Quando foi oferecida uma oficina aos pais dos alunos da turma A15[1] sobre material dourado, o ponto pedagógico oferecido era de proporcionar aos alunos um momento em que eles seriam os educadores e seus pais educandos. No desenvolver da oficina foi essencial observar que aquele aluno tímido ou inseguro conseguiu explicar para um adulto como usar e representar uma conta com o material dourado. Mas o importante foi poder ver o quanto os pais ficaram impressionados com a capacidade explicativa de seus filhos.
Nesse dia a sala de aula transformou-se em vinte salas de aulas onde cada aluno/educador tinha como competência ensinar ao seu pai/educando.

Referência:
FREIRE, Paulo – Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra. Pp.57-76. 1996. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2722061/mod_resource/content/2/Texto6-Freire-1parte.pdf


[1] A15 – Nomenclatura usada para definir o primeiro ano do Ensino Fundamental.

sábado, 11 de novembro de 2017

No dia 10 de novembro foi realizada na sala de aula da turma A15 uma oficina sobre Material Dourado para os pais dos alunos. Nesse dia os alunos foram mestres e seus pais alunos.
E outubro, quando o material dourado foi apresentado aos alunos, mas antes pesquisei diversos materiais na internet sobre histórias que poderiam por meio do lúdico ensinar aos alunos o conceito de dezena, pois o conceito de unidade já estava trabalhando desde o inicio do ano.
O processo de alfabetização em Matemática é tarefa das series iniciais quando o aluno tem seus primeiros contatos com a Matemática escolarizada e deve ser um processo essencial a alfabetização na língua natural, afinal, tanto uma, quanto a outra são ferramentas fundamentais para a compreensão da realidade.
No livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro” de Edgar Morin, o autor coloca que na busca de conhecimentos que possibilitam eliminar o risco do erro, que se poderia considerar a repressão de manifestações de afetividade, mas chega-se à conclusão de que a afetividade pode fortalecer o conhecimento. Embora o desenvolvimento do conhecimento científico seja necessário para detectar os erros e as ilusões, é de fundamental importância reconhecer e eliminar as ilusões que advêm das teorias científicas. A educação precisa ensinar, no processo ensino-aprendizagem, a condição humana com base na razão, sem esquecer a afetividade, na emoção.

Fundamentada, nesse autor coloco que encontrei, durante minha pesquisa na internet, uma história muito prática e lúdica para explicar conceitos abstratos usando um material concreto. A história era: “A árvore do conhecimento” disponível em: https://pt.slideshare.net/macaquinhos/casa-das-unidades-e-dezenas





Durante os dias que anteciparam a oficina, os alunos trabalharam usando o material dourado em quatro etapas:
1.     Na primeira etapa, os alunos foram divididos em dois grandes grupos. Cada grupo recebeu material dourado e conversamos sobre o que cada uma das partes representava e valia;
2.     Na segunda etapa, os alunos foram separados em grupos de quatro onde os alunos deveriam usar o material dourado. Nesses pequenos grupos os alunos foram incentivados a explicar para os outros componentes do grupo como usar o material dourado e como fazer a representação;
3.     Na última etapa, os alunos em dupla e usando o material dourado representaram vários números e contas de adição com transporte. Após essa etapa marcamos o dia para os pais virem na sala e eles poderem explicar o que é e como usamos o material dourado.

Chegou o dia da Oficina do Material Dourado.
   Faltaram quatro pais, mas os alunos adotaram os pais de seus colegas que vieram em par. Foi muito interessante observar as expressões dos pais na realização da oficina e o mais importante os alunos sentiram-se muito a responsabilidade de ensinar outra pessoa.







Referência:
MORIN, Edgar. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. In: Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 5 ed. São Paulo: Cortez; Brasília: DF; UNESCO, 2002, p. 18-27. Disponível em:


sábado, 4 de novembro de 2017

   Durante o mês de outubro realizamos várias atividades referentes ao mês das crianças.  Algumas atividades foram postadas nesse blog e outras não por terem complementado as atividades em comemoração as crianças.
          Segundo Neto e Silva (2007) a palavra infância vem de En-fant que significa "aquele que não fala", isso podemos ver refletido sobre o processo de construção da infância na sociedade, onde observamos figura da criança como aquele que não tem capacidade de ser, estar e atuar por ser criança, ou seja, vista apenas como um ser moldado pelo adulto ou como um indivíduo sem valor, sem um espaço na sociedade, e isso decorre desde a sociedade medieval até tempos atrás, onde começa a mudar tais concepções e passa-se a ver a criança como um indivíduo pertencente ao meio social com sua cultura e seu modo de entender o mundo.
      Com o surgimento da televisão, temas ou assuntos antes guardados cuidadosamente pelos adultos, agora são apresentados para as crianças despudoramente. Uma vez que a informação torna-se incontrolável, família e escola perdem sua função de reguladores do desenvolvimento da criança que passa a conviver mais com a violência, ao sexo, às doenças, à morte, ao homossexualismo, ao consumismo, entre outros. Devido a esse novo acontecimento, as crianças tornaram-se semelhantes aos adultos.
              O autor Postman (1999) divide as etapas da vida em três fases, a saber: recém-nascidos, adulto - criança e senis. Assim, há uma fusão entre as etapas da infância e fase adulta, já que não há mais diferenciação entre as duas etapas.
Postman considera que se não há um conceito claro do que significa ser adulto, não tem como ser possível haver um conceito do que seja ser criança.
         Nos tempos atuais, a criança acaba perdendo sua infância, pois, cada vez mais cedo manuseia celulares, videogames, computadores, trocando as brincadeiras de rua pelo sedentarismo em frente à televisão, tornando-se, muitas vezes, obesa, deprimida, e até mesmo agressivaHoje a criança antecipa sua vida adulta cheia de responsabilidades, pois desde cedo está repleta de compromissos como, por exemplo, aulas de inglês, balé, violão, natação, assim com tantas atividades não lhe sobra tempo para as brincadeiras comuns da infância, como pular amarelinha, soltar pipa, pega-pega, pular corda, etc.
        Assim, o que fazer para que a criança de hoje não perca a sua infância? O importante é que família e escola incentivem a criança a buscar brincadeiras, jogos, atividades onde possa simplesmente ser criança. Respeitar sabendo que a fase da infância é muito importante para dar suporte a nova etapa do desenvolvimento.
           Considerando a infância, organizei para o mês de outubro um planejamento onde as crianças da turma pudessem experimentar atividades prazerosas e divertidas e para isso fizemos: 

·     Piquenique na ACOPAM, Associação dos Moradores do Parque dos Maias (1),
·         Teatro da  FIERGS para  assistir a peça O circo 
     (https://mariangelamastalir.blogspot.com.br/2017/10/hoje-dia-24-de-outubro-turma-foi-ao.html),
·         Brinquedos infláveis na escola 
·         Lanche especial na ASBR
·         Cabelo maluco
·         Culinária Bolacha Assombrada (),
·         Bolo da professora Claudia (2),
·         Passeio ao Acampamento Farroupilha
·         Jogo das palavras

Fotos:
(1)  ACOPAM
                    

2   4) BOLO





Referência:

NETO, Elydio dos Santos. SILVA, Marta Regina Paulo da.  Quebrando as armadilhas da adultez: o papel da infância na formação das educadoras e educadores. UMESP: 2007. p.1. Disponível em:


POSTMAN, Neil. O desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999. Disponível em:












terça-feira, 31 de outubro de 2017

      Uma dos maiores aprendizagens que pode ocorrer em uma aula de culinária para crianças é ela descobrir a origem dos alimentos, saber que o leite não vem da caixinha e que legumes e verduras crescem na terra, sob sol e chuva, pode despertar a consciência ambiental das crianças, bem como valorizar mais a preferência por alimentos naturais.
       Voltar a ter contato com o ciclo do alimento é cada vez mais importante, já que a urbanização e os processos de industrialização desvincularam o homem da terra. Deixamos de ter contato com os ciclos biológicos e animais mais básicos, o que também nos distancia de uma alimentação mais saudável.
      Em uma aula prática com receitas e identificação de alimentos, é possível estimular a leitura de instruções e rótulos, o crescimento do vocabulário etc. Da mesma forma, a aula de culinária também pode ajudar com o raciocínio matemático, por meio da soma de ingredientes, conhecimento sobre medidas, contagem de tempo e temperatura, entre outros aspectos.
      Além disso, professores estimulam, a partir de aulas de culinária, o aprendizado científico (origem e propriedade de ingredientes), geográfico (regiões e climas de produção de cada alimento), histórico (hábitos alimentares e sua relação com a cultura) e até mesmo artístico (criatividade e apresentação de alimentos). Ou seja, é um ótimo ponto de partida para diversos temas tradicionais.
       No dia 30 de outubro para entrar no clima de Helloween, a turma fez Bolachas Assombradas  decoradas. Essas bolachas foram divididas no lanche com a turma  A12[1]Os alunos fizeram suas três bolachas e depois foram até minha mesa onde explicava como a cobertura (açúcar de confeiteiro, água e corante comestível) deveria ser passada na bolacha e depois eles iam até a professora Jéssica e decoravam a bolacha usando os confeitos coloridos.







[1] A12 – Nomenclatura usada para definir o 1º ano do 1º Ciclo do Ensino fundamental.

        Baseada nessa proposta de culinária, que iniciou no dia do passeio a ASBR, onde as crianças conheceram o chef Anderson, o objetivo dessa atividade de culinária será o de promover no dia 31 de outubro no dia da Festa de Helloween, no turno da tarde, uma apresentação do 1º Master Chefinho na Escola. Para esse evento os alunos deverão preparar um prato de doce ou salgado, junto com suas famílias, e decorar com motivo de Helloween.
       No dia da apresentação as famílias poderão estar presentes, mas quem deverá falar e explicar o prato será o aluno. Além disso, o aluno deverá entregar a folha onde ele escreveu a receita e fez o desenho de como deverá ser a decoração do prato.
       Os jurados serão a diretora Zoila, a professora de teatro Hellen, a monitora Jéssica, o aluno Vitor, a orientadora do 1º e do 3º ciclos da Escola.
        Critérios a serem avaliados:
  •       Decoração criativa;
  •        Sabor salgado;
  •      Sabor doce.

        Os jurados escolheram como melhor:

    ·        Prato doce, o bolo de Lápide do aluno Diogo;
    ·        Prato salgado, o sanduíche em formato de fantasma do aluno Victor;
  ·   Prato melhor decorado, dos ovos com aranha de azeitona e três laranjas pintadas como abóbora da aluna Maria Júlia. 



Após o Master Chefinho, os alunos foram participar da festa que acontecia no Ginásio da Escola.







sexta-feira, 27 de outubro de 2017

                                             “A identidade étnica, Assim como a língua materna,                                                          é elemento de constituição da criança”. Diretrizes                                                           curriculares nacionais da Educação infantil – MEC, Brasil.


    Vivemos em um país em que uma maioria da população é composta por afrodescendentes. Entre os demais, a maior parte são brancos miscigenados (pardos, mulatos, sararas, outros conforme a nomenclatura popular). 
        Discutir essas relações étnico-raciais que construíram esse país, logo, deveria ser uma obrigação de todos os cidadãos, não importando sua origem ou etnia. Esses esforços de promover discussões com os alunos e até mesma pela sociedade é para que não apenas se somam na luta contra o racismo, como também na consolidação da democracia, da promoção da cidadania e no reforço à igualdade social e racial.                    Considerando que a escola é um local onde ela também se torna um dos espaços onde podemos e devemos trabalhar o movimento, a cultura e a história dos afrodescendentes do Brasil.
      De acordo com Trinidad (2011), para trabalhar a diversidade étnico-racial com as crianças, a família é primordial que os pais sejam informados sobre todas as atividades que serão realizadas com as crianças, os objetivos e principalmente a importância se sua participação, trazendo informações sobre a cultura que a criança tem em casa, a formação e os hábitos familiares, suas atividades de finais de semana seus rituais religiosos. Todas essas informações são ricas para serem consideradas na prática pedagógica junto à criança.
      Conversei com os pais a respeito do livro, Cabelo Maluco de Neil Gaiman e Dave McKean, que usaríamos para fazer um link com o trabalho étnico racial para o mês de novembro, ou seja, trabalharíamos os diferentes estilos de cabelos e que cada cabelo pode ser diferente e fantástico ao mesmo tempo. O objetivo do trabalho será de mostrar aos alunos que não há cabelo ruim, mas sim diferente assim como são as pessoas.
      O livro conta a história por meio de rimas e é cheio de ilustrações muito legais, com desenhos e cores tão malucos quantos muitos penteados por aí. Tudo começa quando uma menina chamada Bonnie encontra um homem com cabelos que ela nunca tinha visto antes.

Leia mais em:

      Expliquei aos pais que ao avaliar o uso desse livro em função das meninas da sala que valorizam muito o seu cabelo cacheado deixando-o solto sem fazer chapinha ou prendendo-o.
     Após a leitura da história, conversei com os alunos referentes ao tema do livro.           Fizemos o levantamento de quantas coisas e objetos havia dentro do cabelo do homem. Perguntei se era possível haver um cabelo tão grande assim.

Aluno 1: Existe o cabelo da Rapunzel.
Aluno2: Não existe homem com cabelo comprido.
Aluno 3: Minha mãe quando acorda o cabelo dela parece um ninho de passarinho assim ... (aluna representa o cabelo abrindo ambos os braços).
Aluno 4: Tem gente que deixa crescer o cabelo e depois vende. Minha tia faz isso.
Aluno1: Tua tia é pobre?
Aluno 4: Não ela vende pras pessoas que não tem cabelo.
Aluno 2: Meu pai é careca e não compra cabelo.

     Resolvi interferir para explicar que algumas pessoas ficam carecas naturalmente e outras os cabelos caem por doença ou por algum remédio que tomaram. Mas nem todas gostam de comprar cabelo, peruca, preferem esperar o cabelo crescer ou ficar sem o cabelo. Nesse momento decidi mostrar várias imagens, de diferentes estilos de cabelo, que foram retiradas da internet.

 

                         

     Os alunos observaram que existem cores, comprimentos e estilos diferentes de cabelo.  Decidimos fazer uma sessão de transforme o seu cabelo, deixe-o maluco.