sexta-feira, 24 de maio de 2019


Revisitando o blog em sexta-feira, 27 de outubro de 2017, com o título:

 “A identidade étnica, assim como a língua materna é elemento de constituição da criança.” (Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil – MEC, Brasil)

            Retomo ao trabalho do TCC pois o que alavancou a pesquisa foi o fato de ter, durante o estágio na EJA em 2018, alunos haitianos que durante as aulas costumavam falar na sua língua materna.
                Considerando o sentimento dos alunos de não perderem sua cultura e identidade, fiz a  solicitação aos alunos que evitassem em falar na sua língua materna em sala já que o objetivo deles terem procurado e de estarem na escola é o de aprenderem o português tanto na oralidade como na escrita. Embora pondere que mesmo reconhecendo a importância da conservação da sua cultura por estar distante do seu país natal, compreendo que se houve a necessidade de estarem em uma escola para poderem aprender a língua nativa tornasse imprescindível que durante as aulas eles usem pouco o crioulo[1].
            Quando um dos alunos haitianos colocou o seu medo, ou receio, de esquecer a sua própria língua: "Vez ou outra esqueço uma palavra, mas esquecer do crioulo não vou nunca. Esqueço palavras que talvez não lembrasse mesmo se estivesse no Haiti”.
 Pondero quem nunca esquece ou já tenha esquecido uma palavra? Muitas vezes eu preciso fazer associações para lembrar alguma palavra e sua aplicação e, embora eu leia e dê aulas. Considero que esse sentimento de perda da sua língua materna seja na realidade o seu receio, Junior, de ser esquecido pela sua filha que ficou no Haiti.
Nessa situação avalio que identidade cultural é uma ligação entre as relações sociais e de patrimônios simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. Sendo este um conceito intenso e de tamanha complexidade, é compreensivo que estes alunos não desejam desconsiderar sua identidade manifestando-se no que lhe é mais fácil de revelar: sua fala. Contudo é importante que, morando em outro país, eles possam apropriar-se da nova cultura que possui muitos pontos em comuns com a sua. Inclusive o que observei no decorrer do estágio que algumas histórias haitianas possuem uma similaridade com a cultura Africana que influenciou a cultura brasileira e podemos ver nas histórias, na culinária e na música. Aqui, lembro-me de Stuart Hall (2006, p.9) que comenta sobre as mudanças que estão ocorrendo e a fragmentação dos panoramas culturais, sociais, gênero, etnia, raça e nacionalidade que, no passado, embasavam e sustentavam a nossa identidade como indivíduos integrados em um ambiente social.






[1] Crioulo - Apresenta dois dialetos distintos: o fablas e o plateau. Muitos haitianos falam quatro línguas: crioulo, francês, espanhol e inglês. A outra língua oficial do Haiti é o francês, idioma no qual o crioulo do Haiti se baseia, sendo que 90% do seu vocabulário vêm dessa língua.

sexta-feira, 17 de maio de 2019


Revisitando o blog em sexta-feira, 8 de dezembro de 2017.


Adeus, Carolina Maria de Jesus.

            Revendo essa postagem no blog  pude ler o pensamento que fechei a postagem
A importância da memória cultural do povo faz com que ocorra uma identidade. Quando há um esquecimento ou uma não valorização de algum tópico dessa cultura, ocorre uma consequência na identidade do grupo.  No decorrer desse projeto pude analisar que essa mulher e escritora não foi valorizada no seu tempo e lugar, país, mas que teve o seu valor como escritora, que retratava a realidade difícil da comunidade, fora do seu país”.(Mariângela Mastalir, 2017)


            Trago esse pensamento por estar inserido no tema do meu TCC que é sobre a cultura e a identidade. Durante o processo de pesquisa, li e reli muito Peter McLaren e Stuart Hall que colocam muito pertinentemente como eles visualizam a cultura que o imigrante leva para onde ele se transfere e o quanto há uma necessidade de preservá-la para manter a sua identidade.
            Nos textos escritos por McLaren ele faz uma relação com o imigrante brasileiro com os imigrantes oriundos de outros países. Ele coloca muito claramente que o imigrante nessa sua situação, tem que adaptar-se a esse novo mundo e em alguns casos a fim de poder sobreviver e ainda auxiliar seus familiares aceita trabalhos muito simples com uma baixa remuneração e em alguns casos por estarem na clandestinidade, buscam assumir uma humildade beirando quase uma situação de uma servidão. 
.           Stuart Hall aborda muito presentemente que esses imigrantes também precisam adotar os hábitos e costumes da nova cultura encontrada no lugar em que passam a habitar, mas ao mesmo tempo buscam não perder o contato das suas histórias, tradições e, principalmente, sua língua. Para Stuart, não ocorrerá uma assimilação desse sujeito nessa nova cultura, porém se cria uma nova identidade que ele chama de “identidade hibridas”.
            Freire (2004) traz uma expressão de que a desenvoltura sociocultural, que o indivíduo usa para dar o sentimento de pertencimento em um grupo, cria a sua identidade, sendo assim, o indivíduo vai construindo a sua identidade por meio de várias ações como: afetivas, por gostos similares; por afinidades e particularidades entre os pares e por experiências de vida similares que caracterizam o indivíduo como pertencente ao um grupo social.
            Ser imigrante, independente da época, embora acredite que talvez atualmente seja mais perverso ser imigrante, faz com que esse sujeito busque além da fronteira um lugar para poder iniciar nova vida.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Comentário da postagem do dia sexta-feira, 2 de junho de 2017.

GESTÃO DEMOCRATICA


             Administrar escolas não é uma tarefa fácil, e dentro das concepções do autoritarismo, encontra-se então, traumas antigos em que a sociedade se mostra ainda fragilizada, com medo, sem liberdade de se expressar e covardemente cedendo lugar às ideologias, por isso, o controle, o poder aprisionado nas mãos de diretores e superiores ainda é prática constante. É necessário que o gestor garanta a participação das comunidades interna e externa, a fim de que assumam o papel de corresponsáveis na construção de um projeto pedagógico que vise ensino de qualidade para os sujeitos envolvidos nela, assumindo, primeiramente, sua condição de professor-educador, e destacando sua posição com clareza e com domínio dos requisitos que vão lhe possibilitar atuar a partir de critérios pedagógicos.
            Nos aspectos legais, pode-se perceber que no artigo 206 da Constituição Federal Brasileira é determinado, por imposição legal, a gestão democrática, que tem como finalidade a construção de um ambiente democrático e participativo no ambiente escolar.
           A gestão participativa requer o gerenciamento da participação de todos os envolvidos no processo educacional, focando a atuação do gestor como agente de criação desse ambiente. O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu acompanhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso porque o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva.
          Hoje vista como uma ação de caráter coletivo, o trabalho escolar é realizado a partir da participação e integração de todos os membros da comunidade escolar, tanto direta ou indiretamente, reconhecendo e assumindo responsabilidades na construção e efetivação dos objetivos propostos na organização escolar e pelo todo da instituição.


(...) é importante que a participação seja entendida como um processo dinâmico e interativo que vai muito além da tomada de decisão, uma vez que caracterizado pelo inter  apoio na convivência do cotidiano da gestão educacional, na busca, por seus agentes de superação de suas dificuldades e limitações. (Luck, 1996, p.31).

             A participação de todos nos diferentes níveis de decisão e nas sucessivas faces de atividades é essencial para assegurar o eficiente desempenho da organização.
             A gestão escolar, enquanto gestão participativa se entende como um processo de tomada de decisão conjunta, possibilitando a articulação entre os diversos segmentos da comunidade escolar, sendo fundamental para sustentar a ação da escola.


“o conceito de gestão participativa (...), parte do pressuposto de que o êxito de uma organização social depende da mobilização da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante um “todo” orientado por uma vontade coletiva” (Luck,1996, p.23).


Faz-se necessário estar a par de toda a realidade escolar para que possamos crescer profissionalmente e pessoalmente sempre trazendo uma proposta que é de valor e responsabilidade coletiva: a Gestão Democrática no Ensino.


REFERÊNCIA:

LUCK, Heloisa. A Gestão Participativa na Escola. Petrópolis: Vozes, 2006
PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da escola pública. SP: Ática, 2006.
LIBÃNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001.